vendredi 29 juin 2012
sinal
qual a palavra que seus sinais espalham
lentamente na finura de sua pele?
sinal da forte beleza?
sinais que são coloridos pretos olhos
brotando, minerais,
pontos de poemas,
de desenhos que querem ser feitos
constelações brilhando?
sinal daquele que não sei
sinal do sem rumo?
sinal
sinal
alguma coisa bela vai acontecer
jeudi 28 juin 2012
Crônica do terceiro andar
invertebrada chuva
a insônia em contra-gotas
garganta trincada pelo vinho tinto da angustia
lombras de sonhos de maloqueiro
0:30: relógios impõem preços ao infinito
nas ruas mortas: catalogam borboletas de isopor
homem de preto sobre luz poste mercúrio
dança, dança
como um galináceo
avestruz de cimento armado
chuva
chuva
imagens pântanos urbanóide
eu, frente a televisão
eu, um urso no meio da sua toca
grita para dentro
do auricular cego do seu deus sem nome
sem cor como as paredes de seu prédio
eu durmo como quem
mergulha num poço de alfinetes
nas gotas de chuva varando o crânio
a insônia em contra-gotas
garganta trincada pelo vinho tinto da angustia
lombras de sonhos de maloqueiro
0:30: relógios impõem preços ao infinito
nas ruas mortas: catalogam borboletas de isopor
homem de preto sobre luz poste mercúrio
dança, dança
como um galináceo
avestruz de cimento armado
chuva
chuva
imagens pântanos urbanóide
eu, frente a televisão
eu, um urso no meio da sua toca
grita para dentro
do auricular cego do seu deus sem nome
sem cor como as paredes de seu prédio
eu durmo como quem
mergulha num poço de alfinetes
nas gotas de chuva varando o crânio
Multitudes
ponto a ponto
demarcam as estátuas da multidão
cabeças de pregos que os pregões
transferem em oficiais números
as caras de bicho que o metrô arranja em mosaicos
emendando os cabelos
os bigodes como se fossem arames
e não há grão: há sal
pedaço branco sem nome
quadrangular em formato de ruas
uma somente gigante formiga que não dorme
faminta, comendo a vida com garfos
facas de fatiar o pão da existência
e derretê-lo em trabalho bem feito
linha ascendente no gráfico produtor
ponto a ponto
demarcam as estátuas da multidão
cabeças de pregos que os pregões
transferem em oficiais números
as caras de bicho que o metrô arranja em mosaicos
emendando os cabelos
os bigodes como se fossem arames
e não há grão: há sal
pedaço branco sem nome
quadrangular em formato de ruas
uma somente gigante formiga que não dorme
faminta, comendo a vida com garfos
facas de fatiar o pão da existência
e derretê-lo em trabalho bem feito
linha ascendente no gráfico produtor
viver
samba na casa azul
viver é respirar
o sol embutido nas telhas
viver é romper os cascos
derramar umidades
uma musiquinha bonita
como um peixe que na infância eu criava
um açude sombreado de nuvens
viver é a nuvem que eu bebo
debaixo da chuva
apagando as fogueiras do São João
um poema verdejante
amadureceu: a vida
viver é teu beijo
e tristeza é só uma bobagem grande
samba na casa azul
viver é respirar
o sol embutido nas telhas
viver é romper os cascos
derramar umidades
uma musiquinha bonita
como um peixe que na infância eu criava
um açude sombreado de nuvens
viver é a nuvem que eu bebo
debaixo da chuva
apagando as fogueiras do São João
um poema verdejante
amadureceu: a vida
viver é teu beijo
e tristeza é só uma bobagem grande
não vi o brasil
menino de tarja preta na boca
não se escapou a voz
nem a dor do medo
calado
camisa amarela debaixo do sol
povo aeróbico
não vi o brasil
por ele esta no meu lombo
um pedra de quinhentos anos
um negro sísifo
não vejo o brasil
imensa senzala no meio da floresta
não vejo o brasil
porque cegaram meus olhos
menino de tarja preta na boca
não se escapou a voz
nem a dor do medo
calado
camisa amarela debaixo do sol
povo aeróbico
não vi o brasil
por ele esta no meu lombo
um pedra de quinhentos anos
um negro sísifo
não vejo o brasil
imensa senzala no meio da floresta
não vejo o brasil
porque cegaram meus olhos
mardi 12 juin 2012
ornitorrinco proletário
comedor do mito do sol de mulher amarela
asas de cachorro
comedor das buzinas
poluído pela água dos chuveiros. Pelos cremes
ectoplasmahomem
violentado pelos hifens
pega seu carro e vai comer distâncias
hiatos
construtor de pontes
com seu pênis metafísico
meta útero
semblantes contemplativos
cresce-lhe musgo na baba da boca
ele masca chicletes debaixo da lua cinza
ele assiste via satélite
a rosa de uma bomba
brilha em suas lentes
e ele envelhece
durante a tarde melada de lôdo
comedor do mito do sol de mulher amarela
asas de cachorro
comedor das buzinas
poluído pela água dos chuveiros. Pelos cremes
ectoplasmahomem
violentado pelos hifens
pega seu carro e vai comer distâncias
hiatos
construtor de pontes
com seu pênis metafísico
meta útero
semblantes contemplativos
cresce-lhe musgo na baba da boca
ele masca chicletes debaixo da lua cinza
ele assiste via satélite
a rosa de uma bomba
brilha em suas lentes
e ele envelhece
durante a tarde melada de lôdo
lundi 2 avril 2012
Visões 2
os azuis verdes dos olhos
sob venda, luva
glaucoma cinza preto
sol volteado cromatiza
de alaranjado outono
as cores anacrônicas do sangue
a morte entre branco e preto
cores de nó cego
vermelho acácia
não!
não!
apenas
crepúsculo lacrimogênio
sob venda, luva
glaucoma cinza preto
sol volteado cromatiza
de alaranjado outono
as cores anacrônicas do sangue
a morte entre branco e preto
cores de nó cego
vermelho acácia
não!
não!
apenas
crepúsculo lacrimogênio
vendredi 24 février 2012
21 de fevereiro
nuvens se despeçando,
esbagaça as horas,
fabricando passados
opacos,
fosforecendo,
abertos;
dias normais,
um mero 21 de fevereiro,
dias de burocráticas nomenclaturas,
opacos,
repetidos,
abertos,
nascidos na velhice;
as nuvens se desfazem
em chuva,
em imagens:
cara de mulher debaixo da lua,
dragões acetinados,
minha morte
esbagaça as horas,
fabricando passados
opacos,
fosforecendo,
abertos;
dias normais,
um mero 21 de fevereiro,
dias de burocráticas nomenclaturas,
opacos,
repetidos,
abertos,
nascidos na velhice;
as nuvens se desfazem
em chuva,
em imagens:
cara de mulher debaixo da lua,
dragões acetinados,
minha morte
Um Reggae: "Rastafári Cola-Cola"
dredes enlaçados
entrançados
entalados
na tração
dos mercados
propagação
de bens além
da integridade
da criticidade
sem grito do refém
refém
devora esmola
da mídia
que o degola --
Rastafári Coca-Cola
entrançados
entalados
na tração
dos mercados
propagação
de bens além
da integridade
da criticidade
sem grito do refém
refém
devora esmola
da mídia
que o degola --
Rastafári Coca-Cola
jeudi 23 février 2012
Salvação
em poemas,
em fatias,
em gotas de sangue,
cortado em cubos
o espanto.
átimo velado
perante exército de horas
derramadas em homogêneo
em fatias,
em gotas de sangue,
cortado em cubos
o espanto.
átimo velado
perante exército de horas
derramadas em homogêneo
A dor de um azul céu.
o avião dependurado no arco da ponte aérea
e as placas do aeroporto já não me deixam vê-la.
se despedir é como ver um mundo quebrado,
a distância desintegrando o rosto da pessoa
...
depois a impressão é que a vida
não é mais que arquivamentos
bulindo na parte de dentro e escura da gente
o avião dependurado no arco da ponte aérea
e as placas do aeroporto já não me deixam vê-la.
se despedir é como ver um mundo quebrado,
a distância desintegrando o rosto da pessoa
...
depois a impressão é que a vida
não é mais que arquivamentos
bulindo na parte de dentro e escura da gente
LINHA SUL
segue o metrô sua pulsão,
coelho de costelas de vidro.
impondo uma linha nas estrias do subúrbio,
cortando periferias de gente,
assiste os avessos das casas,
quintais dos circuitos de produção,
o pé podre das industrias químicas.
O metrô é um filme revelador,
cinema de pobres olhos,
documentário sobre o cu da cidade
coelho de costelas de vidro.
impondo uma linha nas estrias do subúrbio,
cortando periferias de gente,
assiste os avessos das casas,
quintais dos circuitos de produção,
o pé podre das industrias químicas.
O metrô é um filme revelador,
cinema de pobres olhos,
documentário sobre o cu da cidade
samedi 18 février 2012
Musa de Plástico
menina nua
corpo de silicone
com a língua crua
que só diz seu nome
pelúcia nos cabelos
pupilas de Raybon
sua voz de néon
do som das modelos
modos de brilhantina
na roupa plastificada
sob a carapaça fina
da pele maquiada
moça que passa
como passa juventudes
como murcha atitudes
de uma vontade escarça
corpo de silicone
com a língua crua
que só diz seu nome
pelúcia nos cabelos
pupilas de Raybon
sua voz de néon
do som das modelos
modos de brilhantina
na roupa plastificada
sob a carapaça fina
da pele maquiada
moça que passa
como passa juventudes
como murcha atitudes
de uma vontade escarça
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