vendredi 24 février 2012

21 de fevereiro

nuvens se despeçando,
esbagaça as horas,
fabricando passados
opacos,
fosforecendo,
abertos;
dias normais,
um mero 21 de fevereiro,
dias de burocráticas nomenclaturas,
opacos,
repetidos,
abertos,
nascidos na velhice;
as nuvens se desfazem
em chuva,
em imagens:
cara de mulher debaixo da lua,
dragões acetinados,
minha morte

Um Reggae: "Rastafári Cola-Cola"

dredes enlaçados
entrançados
entalados
na tração
dos mercados
propagação
de bens além
da integridade
da criticidade
sem grito do refém
refém
devora esmola
da mídia
que o degola --
Rastafári Coca-Cola

jeudi 23 février 2012

Salvação

em poemas,
em fatias, 
em gotas de sangue,
cortado em cubos
o espanto.
átimo velado
perante exército de horas
derramadas em homogêneo
A dor de um azul céu.
o avião dependurado no arco da ponte aérea
e as placas do aeroporto já não me deixam vê-la.
se despedir é como ver um mundo quebrado,
a distância desintegrando o rosto da pessoa
...
depois a impressão é que a vida
não é mais que arquivamentos 
bulindo na parte de dentro e escura da gente
amarelo avião alcalino
fuselagem de progresso
tracejando a jato
o milagre do homem

turbina de rasgar
oceanos de distância,
nuvem, céu,
pesadas torres, 
crianças.
A lâmina do progresso

LINHA SUL

segue o metrô sua pulsão,
coelho de costelas de vidro.
impondo uma linha nas estrias do subúrbio,
cortando periferias de gente, 
assiste os avessos das casas,
quintais dos circuitos de produção,
o pé podre das industrias químicas.
O metrô é um filme revelador,
cinema de pobres olhos,
documentário sobre o cu da cidade

samedi 18 février 2012

Musa de Plástico

menina nua
corpo de silicone
com a língua crua
que só diz seu nome

pelúcia nos cabelos
pupilas de Raybon
sua voz de néon
do som das modelos

modos de brilhantina
na roupa plastificada
sob a carapaça fina
da pele maquiada

moça que passa
como passa juventudes
como murcha atitudes
de uma vontade escarça