vendredi 18 novembre 2011

LINHA 181

Um motorista degolado acelera o ônibus das 23:00 h
Pátios desamparados e lojas fechadas 
encaram meus olhos revestidos de placas de vidro
Sinto que pedaços de sono latejam em mim
Meu estigmatismo borra de coágulos de postes
a imagem escuras de pombos insones:
parecem ratos que aprenderam a voar como morcegos.
Por cima de nós, como um satélite soviético:
uma lua cor de zinco que não posso ver.
O caminho já me conhece e me suga em linha reta
tudo incensado pela respiração do distrito industrial
Deixo-me cair em algum lugar da inconsciência
e a napa das poltronas bebe meu suor
Fecho a janela dos olhares e sonho durante meio quilômetro:
e no sonho eu era uma chapa de ferro
mas que voava como um pato silvestre até chegar em casa

mardi 1 novembre 2011

Saudade

minha saudade é esta masturbação de calendários
os respingos de esperma quarando nos lençóis
é tua voz rouca pregada nas telhas
dizendo as narrativas dos teus gestos
minha saudade é um abraço de aço
das mãos da ausência: minha saudade é um buraco
este açude estagnado no meio da sala
e eu sou a canoa que navega nesta insônia