lundi 27 septembre 2010

Sobre o Futuro

Gosha Ostretsov (www.ostretsov.com)


















Escolhestes o terno,
Esquecestes o amor,
Querias re-inventar o eterno
Fabricando um flor

Escolhestes o bom lar,
Ir a missa domingueira,
Se aconchegar no sofá
A esperar a hora derradeira

O tempo esculpirá a velhice
No teu semblante sombrio
O tédio encherá de mesmice
Teu universo vazio

Te acostumarás ao escuro,
Te abraçarás ao medo,
Perderás teu futuro
Se esquecendo que inda é cedo

No fim, perderás tudo,
Até o direito de morrer,
No fim, não estarás mudo
Mas nada hás de dizer

Um história Cabense

Nas sendas das Calhetas
Apanhei uma branda rosa
Procurei a musa perfeita
Para dar tal estrela cheirosa

Eis que te vi a ver o mar
De um azul sem medida
O Atlântico a te cantar
Minha melodia preferia

Se aprocheguei e te dei
Aquela rosa delicada
A teu lado contemplei
A praia de Gaibu alumiada

No céu, o sol retirante
Caminhava para o Sertão
Lá longe, a lua brilhante
Banhava a arrebentação

Depois de nos contar
E contarmos as estrelas
Escolhemos nos amar
Até a noite derradeira

Poeta Venal

Vendo flores
Vendo dores
Vendo alegria
Vendo de tudo na minha poesia
Rosas amarelas
Pálidas ou esqueléticas
Rosas vermelhas, rosas belas
Rosas pulsantes, rosas frenéticas
Vendo rosas de amores
Pintadas de falsa cores
Vendo poesias quando preciso
De fama e riso
Vendo versos e me vendo
Sou um fingidor
Ando me revendo
Sem saber o que sou

Vou Negar

Vou negar enquanto tiver voz
Que inda te amo
Que inda penso em nós
Nos poemetos que declamo

Vou refazer a maquiagem
Num banheiro sujo qualquer
Quando a lembrança te trouxer
E eu rever tua imagem

Vou negar que metade de mim se partiu
E foi perambular pelo breu
A outra metade é um vazio
De um ser que era eu

Vou abafar com a almofada
Toda minha solidão
Toda minha dor repisada
No meu quarto-lametação

dimanche 26 septembre 2010

Poética

Minha poesia
Ilusão baldia
Que na alma brotou
E meu sangue pintou
No muro da cidade

Meu verso: verdade
Que só eu sei,
Filho que criei
No ventre do pensamento
Flor que reguei
Na floresta do sentimento.

Meu verso é a luta
Para burlar a labuta
Com ele, quebro todo espinho
Do moderno caminho

Por que um blog?




Grito logo exito, e que meu grito se apalhe, que se apresente de várias formas,
em voz
no mineral do papel
na luz de bits
na cachoeira de versos
no meu riso ordinário
na minha oração pobre.
Mas não perca demasiado tempo lendo-me, vá escrever também, Companheiro, sei que nenhuma palavra dirá o universo, mas as palavras pintadas de sangue e revolta e amor hão de deixar nossas pobres pegadas nessa estepe que é o universo!