X
questão 45
verdadeiro
X
F
V
falso
blocado
V
um cérebro de diploma
V
questão 72
F
último período
V
um homem-diploma
samedi 20 août 2011
visão
nossos olhos, silicone puro
capturam o fel estético
qualquer sorriso patético
de um rosto contra o muro
meu olhos, teus olhos, uma cegueira
cada visão desabrocha uma dor
cada solidão uma preta cor
até no fundo da córnea derradeira
cores artificiais comem retinas
arco da íris de fuligem crua
cílios espanando poeira de rua
zelando as cápsulas de serotonina
capturam o fel estético
qualquer sorriso patético
de um rosto contra o muro
meu olhos, teus olhos, uma cegueira
cada visão desabrocha uma dor
cada solidão uma preta cor
até no fundo da córnea derradeira
cores artificiais comem retinas
arco da íris de fuligem crua
cílios espanando poeira de rua
zelando as cápsulas de serotonina
Kritisa
hoje, sou teu, Kritisa
dá cá teu braço
afugenta meu cansaço
teu beijo de brisa
dá cá teu colo, Kritisa
apaga varizes de dor
seus raios de torpor
terremoto que suaviza
com minhas mãos vagueio
teu corpo na explosão
toda farta alucinação
dos ávidos teus seios
Kritisa, hoje teu sou
viajante, te espero
esperante, te quero
e hoje, contigo vou
dá cá teu braço
afugenta meu cansaço
teu beijo de brisa
dá cá teu colo, Kritisa
apaga varizes de dor
seus raios de torpor
terremoto que suaviza
com minhas mãos vagueio
teu corpo na explosão
toda farta alucinação
dos ávidos teus seios
Kritisa, hoje teu sou
viajante, te espero
esperante, te quero
e hoje, contigo vou
Walter
Walter, você
1) entornou o vinho
2) cortou as cordas da guitarra
3) arrumou palavras às poesias inauditas
4) usou guarda-chuva quando o céu distribuía as nuvens
5) foi a conurbação enquanto flores murchavam
6) matou seu sono no terceiro capitulo do sonho
7) assassinou os personagens no meio dos seus contos
8) apagou as velas das orações
9) Estraçalhou a garganta dos poetas
10) Ordenou saques aos bosques azuis
11) Escreveu seus dez ou doze mandamento
Depois, quando sua missão cumpriu-se
12) Você, Walter, morreu, sem despedidas
E ainda era segunda-feira
1) entornou o vinho
2) cortou as cordas da guitarra
3) arrumou palavras às poesias inauditas
4) usou guarda-chuva quando o céu distribuía as nuvens
5) foi a conurbação enquanto flores murchavam
6) matou seu sono no terceiro capitulo do sonho
7) assassinou os personagens no meio dos seus contos
8) apagou as velas das orações
9) Estraçalhou a garganta dos poetas
10) Ordenou saques aos bosques azuis
11) Escreveu seus dez ou doze mandamento
Depois, quando sua missão cumpriu-se
12) Você, Walter, morreu, sem despedidas
E ainda era segunda-feira
mercredi 17 août 2011
Olhos de dentro
os meus olhos de dentro
não querem beber
nem mergulhar
na poeira de fuligem
os meus olhos de dentro
não escutam buzinaços
não leem placas
os meus olhos de dentro
sujos de meus carbonos
das minhas tintas
enlameados nas minhas grotas
dimanche 14 août 2011
Sêmen de Silício
a noite dói nos olhos
e vende-se muitos óculos
a saliva já arde
na hora do beijo
queima a língua
apenas abraços eletrônicos
masturbações digitais
sussurros entre eu e jaqueline maria
anunciados pelas placas telefônicas
e quando gozamos:
sêmen de silício
e vende-se muitos óculos
a saliva já arde
na hora do beijo
queima a língua
apenas abraços eletrônicos
masturbações digitais
sussurros entre eu e jaqueline maria
anunciados pelas placas telefônicas
e quando gozamos:
sêmen de silício
jeudi 11 août 2011
Em Gaíbu
A acidez azeda do iodo
dissolve a infraestrutura
da minha vontade
entupido de verde-mar
o tempo continua, sei
brutas rochas
pesadas como âncoras
rasgando espinha de ondas
construindo as sintaxes
de cada dia
e o navio passa
trazendo coisas e levando gente
levando gente e trazendo coisas
misturadas
aqui
fico
como o navio não fica
como os homens não ficam
aqui fico
como meu corpo não fica
minha rebeldia é olhar o mar
dissolve a infraestrutura
da minha vontade
entupido de verde-mar
o tempo continua, sei
brutas rochas
pesadas como âncoras
rasgando espinha de ondas
construindo as sintaxes
de cada dia
e o navio passa
trazendo coisas e levando gente
levando gente e trazendo coisas
misturadas
aqui
fico
como o navio não fica
como os homens não ficam
aqui fico
como meu corpo não fica
minha rebeldia é olhar o mar
04/08/2011
Chegamos
aqui o mundo caga seu metabolismo
a estação é como uma rosa se escancarando:
pétalas de ferro, gente, roupas, mucosas de sal
as intestinações do orgânico sistema de aço
se desata entre os ângulos da multidão
veias no cimento da urbe
como a imagem nauseabunda do Capibaribe
galopando ao redor de um ônibus
como um tiro de pistola
e camadas de sol entortam pescoços
e pesam sobre os encéfalos
bisturi nos olhos
reclames de sabão, detergente, água sanitária
molestam minhas sujeiras íntimas
aqui o mundo caga seu metabolismo
a estação é como uma rosa se escancarando:
pétalas de ferro, gente, roupas, mucosas de sal
as intestinações do orgânico sistema de aço
se desata entre os ângulos da multidão
veias no cimento da urbe
como a imagem nauseabunda do Capibaribe
galopando ao redor de um ônibus
como um tiro de pistola
e camadas de sol entortam pescoços
e pesam sobre os encéfalos
bisturi nos olhos
reclames de sabão, detergente, água sanitária
molestam minhas sujeiras íntimas
samedi 6 août 2011
ROTINA
rotina
diário de páginas repetidas
rotina
rota já conhecida pelos pés
rotina
vida esquecida na avenida
rotina
vida de único viés
rotina
tem a cor da conurbação
rotina
tinge tudo de nada
rotina
tinge até a visão
rotina
de textura pré-fabricada
rotina
quando sou sem ser
rotina
eu que passa sem ver
rotina
coração calado pelo buzinaço
rotina
fundição do homem ao aço
rotina
LOMBRADO
artificiais caminhos
na casca da cabeça
uma imensa vontade
de enfiar um pau
na vagina do sol
(pensamentos da des-razão
a-razão
ou quem sabe
no solo da raiz da razão)
medo?
tive muitos
hoje, meu medo é uma criança
hoje, minhas reflexões estão mudas
embaraçadas no derramamento de luz
de fumaça
de vinho
no pote do cérebro
ESTRANHAMENTO
quero me desnudar de meu humano
despojar-se dos atributos
herdados da bruta forma da vida ordinária
olhar novamente a lua
e ver que ela mudou desde a última menstruação
olhar os próprios culhões
e perguntar sobre o esperma que um dia fui
perguntar sobre o útero que estuprei
A MADRUGADA DE 26 DE JULHO
1:00
nem mesmo um aborto de poesia
1:30
rasgo papéis pesados de borrões
1:31
hoje não é madrugada em que amadureça versos
2:00
inútil ler livro, inútil pensar na mulher que se apagou após o desquite, inútil masturbação inútil
3:00
o escuro cansa os olhos, se coagulo na cabeça, acendo a lâmpada
3:01
fico tonto com a luz que fere
3:03
piso numa barata, nos estouramos como se fossemos de plástico, tomo um leite também de plástico, branco como uma barata que vomita
3:15
Arrulhar, gato sobre pombos, pombos sobre telhado, gato sobre gato, ladrar de cães que agouram os gatos, motocicletas e luzes que buzinam, um homem, eu, debaixo da onomatopéia da insônia
3:30
Poesia possível: imagem parda de barata, pombo, gato, cães, homens, carros, grilos de concreto, a fauna insone que anunciam ou mesmo invade o quarto do sonho.
APRESENTAÇÃO
risco seu plástico
sou de aço
sou de atos
todo drástico
coração de ácido
olhos de crânio
mijo sal
e enferrujo o titânio
da cruz do natal
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